terça-feira, 10 de agosto de 2010

A construção do conhecimento e as novas tecnologias

Ao longo do estudo, o exercício da reflexão sobre a construção do conhecimento e sobre a minha trajetória pedagógica e profissional foi intensa. Desde a compreensão das teorias clássicas à análise das contribuições da psicanálise à educação, as abordagens ajudaram a compreender melhor o processo de aprendizagem (que se reflete na mudança de comportamento) e as variáveis que intereferem no mesmo. Assim, essas informações se constituem rico material de reflexão para nossa prática pedagógica, bem como para a inclusão de novas tecnologias como elementos potencializadores dessa prática.


No contexto da aprendizagem, há uma importante análise sobre a motivação como princípio da ação. Quando se fala em motivação, aprendi que ela é elemento essencial ao processo de aprendizagem e se dá em relação à totalidade da situação que envolve o indivíduo, ou seja, tanto os fatores extrínsecos(interesse pela consequente premiação, pelo resultado) quanto os intrínsecos (interesses pessoais pela atividade em si, pelo puro prazer de executá-la) de motivação interagem entre si e conduzem às ações do indivíduo. Então, é importante que nós, professores, criemos situações que despertem uma motivação intrínseca nos alunos, através da curiosidade e da expectativa a fim de que ele tenha uma aprendizagem real e significativa e não uma apredizagem superficial baseada em decorebas para alcançar nota nas provas. Contudo, será necessário, que o professor estabelaça objetivos, metas e limites e lance mãos das novas tecnologias disponíveis para as ações desenvolvidas em sala de aula.

O condicionamento operante é a associação do agir do sujeito às consequências desse agir, ou seja, o que ele produz/alcança está associado a todas as ações executadas para tal consecução. Dessa maneira, tendo a mente como massa perceptiva costituída de elementos estruturais ligados ao sentimento e à vontade, os quais levam à aprendizagem através do reforçamento operante, pode-se dizer que as ações do cotidiano, conforme as condições e possibilidades de cada indivíduo, são exemplos de aprendizagens de atos. Todas as açoes do sujeito convergem para a consequência esperada - o reforçamento positivo através do objetivo almejado. Aplicando-se isso ao contexto escolar, entendo que os recursos tecnológicos podem facilitar as ações do indivíduo, conduzindo-o a vários insights que construam sua aprendizagem. Assim, atividades desenvolvidas pelo professor com a utilização de várias mídias favorece a aprendizagem do aluno.

Ainda na análise do condicionamento operante, achei muito importante a diferenciação estabelecida entre reforço negativo e punição, o que traduzi nas seguintes equações: 1) + estímulo negativo - estímulo positivo = punição que leva ao enfraquecimento da resposta - é equivalente ao castigo; 2) - estímulo negativo + estímulo positivo = reforçamento que consequentemente fortalece a resposta. Com base nisso, a prática pedagógica da avaliação deve ser repensada. Afinal, se a avaliação funciona em sala como estímulo negativo que, associado à ausência de estímulos positivo acaba se tornando um instrumento de punição. Dessa maneira, não está ocorrendo aprendizagem significativa e a motivação do aluno se enfraquece cada vez mais. Ao contrário, se estimularmos positivamente o aluno, com a utilização de novos recursos tecnológicos que facilitem e motivem sua aprendizagem (desafiado-o e despertando sua curiosidade, suas expectativas), diante de uma abordagem dinâmica e afetiva do professor, a resposta positiva do aluno será fortalecida, resultando numa aprendizagem significativa.

Caminhando no estudo sobre o processo de aprendizagem e a construção do pensamento, pode-se destacar os insights como elementos que se articulam entre si, sendo próprios de quem aprende, operando de forma consciente e estruturando de maneira alicerçada o nosso pensamento. As relações estabelecidas entre os insights, diante de uma dada situação, é que nos permitem chegar à solução, à saída. Esses insights nos capacitam a planejar a ação subsequente, ou seja, são base de nossas ações. Assim, tudo que vivenciamos se reflete nas ações que executaremos. Os insight compõem o nosso histórico mental que constantemente é pesquisado para orientar os passos que daremos diante dos novos obstáculos e desafios que se nos paresentam dia-a-dia. Isso constrói ativamente um processo significativo de aprendizagem por solução de problemas. Nesse contexto, as novas tecnologias se constituem instrumentos riquíssimos no desenvolvimento do trabalho pedagógico, pois podem conduzir o aluno de maneira mais atrativa, prazeroza e participativa na construção de seus conhecimentos, bem como estruturar, instrumentalizar a sua atuação como sujeito no mundo em que vive.

Ainda, percebi que uma das maiores contribuições de Freud para nós, educadores, é a de nos conduzir a um novo olhar sobre os alunos, procurando entender seus atos como reflexos de sua identidade, formada pela imagem corporal que este tem de si, bem como pela representação que tem de si a partir dos modelos significativos que elegeu em sua história de vida. Devemos olhar para o aluno procurando entender o seu mundo, enxergando-o em sua individualidade. Nessa jornada de conhecimento e desenvolvimento do aluno, a utilização dos recursos tecnológicos podem auxiliar no desenvolvimento de habilidades que o aluno necessita para alcançar certas competências. Ao mesmo tempo, recursos como a produção de vídeos, entrevistas, programas de rádio estimulam as relações interpessoais que são de grande importância para o desenvolvimento cooperativo de aprendizagem e para o crescimento, amadurecimento pessoal do aluno.

Ainda, sob a ótica de Freud, o nosso desafio como educadores é buscar desenvolver uma postura docente com doses individualizadas e equilibradas de amor e autoridade (contribuições da psicanálise). Este início é necessário para alcançarmos verdadeiramente os alunos, oferecendo-lhes outras possibilidades (através, também, das novas tecnologias), novos caminhos e, ao mesmo tempo, buscando aprender com nossos erros, procurando através do conhecimento e da disposição aperfeiçoar o nosso trabalho como educadores. Essa reflexão crítico-avaliativa é uma importante etapa do processo do pensamento, intitulado por Freud como “pensamento crítico”. Este é essencial ao desenvolvimento humano pois envolve processos de análise, reflexão, identificação e reconhecimento dos erros.

Ao final de todo esse estudo, as possibilidades de utilização das novas tecnologias como instrumentos pedagógicos precisam primeiro passar por um processo de apropriação dos profissionais de educação para serem articuladas de maneira eficaz. Contudo, essa apropriação deve ser pautada num pensamento crítico que tenha por base os constituintes do processo de ensino-aprendizagem, destacando o aluno como sujeito participante da construção de seu conhecimento, conduzindo-o a uma postura cooperativa e solidária; afinal, ninguém aprende só, ninguém vive só - precisamos uns dos outros em variadas redes humanas que estabelecemos ao longo de nossa jornada. Essa é uma faceta da felicidade, segundo Cora Coralina: “Feliz é aquele que transfere o que sabe e apremde o que ensina”

Agosto/2009

Relembrando: Concepções de Aprendizagem

As contribuições da psicanálise estão afetando a maneira de eu olhar para o outro em minha prática pedagógica. Apesar de estar exercendo um cargo comissionado (sou diretora de uma Escola Classe em Taguatinga) a minha atividade pedagógica é tão intensa quanto a administrativa e percebi que a psicanálise pode me trazer contribuições nessas duas dimensões existentes dentro da escola, pois, ambas envolvem o trabalho com outros indivíduos.


O fortalecimento das relações interpessoais passa, necessariamente, pela afirmação da identidade do próprio indivíduo, que está baseada em sua visão de si mesmo e em sua visão de si no mundo (tempo e espaço que ocupa - histórico do indivíduo). Nesssa relações, o diálogo estabelecido deve ser pautado em reflexão, a fim de desenvolver o pensamento crítico, para que este seja a base construtora de um cidadão participativo, de um ser solidário e cooperativo. Essa é a maior aprendizagem contínua da nossa vida.

Outro aspecto muito iportante ressaltado por Freud é que cabe a nós, educadores, a difícil tarefa de dar ao aluno “”(...) a quantidade exata de amor e ao mesmo tempo manter um grau eficaz de autoridade.““(trecho de Freud citado no texto Psicanálise e Educação: de que tratou Freud... - Antônio e Maria Aparecida Mamede-Neves). Isso vem se refletindo em minha prática, pois como diretora já procurava estabelecer vínculo afetivo com os alunos, mas alertando-lhes sobre as regras e a disciplina necessárias na escola e na vida. Mas, nem sempre isso quis dizer sucesso. Após rever esses conceitos de Freud, estou reavaliando minha postura, procurando ver com os olhos da psicanálise os verdadeiros indivíduos que se escondem atrás de comportamento hostil e, às vezes, alienado.

Essas reflexões (que se dão num movimento de introspecção) têm se tornado uma constante em meu dia-a-dia, levando-me a questionar minhas ações e a buscar novas soluções diante dos problemas que enfrento administrando a escola.

Agosto/2009